Dias 2, 3 e 4 de maio de 2025 acontecerá a primeira edição do Subvercine – Festival de Cinema e Subversão.
Serão três dias de exibições, debates, oficinas e feira gráfica.
Em 29 de janeiro de 1969, a polícia invadiu um ‘aparelho’ do grupo guerrilheiro Comando de Libertação Nacional (Colina) em Belo Horizonte. Depois de passarem pelos porões do DOPS, Delegacia de Furtos e Roubos e quartéis militares, em Belo Horizonte e pela Polícia do Exército, no Rio de Janeiro, onde sofreram torturas, os militantes foram levados para a Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora. A instituição, que abrigava presos comuns, havia sido desocupada para receber os presos políticos sob a custódia da Justiça Militar. Foi lá que eles se reuniram, no final de 1969, e produziram a chamada “Carta de Linhares”, documento que revelava, em 28 páginas, com riqueza de detalhes, toda a tortura sofrida por cada um dos presos. Em dossiê encaminhado à Comissão Nacional da Verdade, em 2012, há o manuscrito em 2ª versão, escrito por Ângelo Pezzuti e assinado por 12 integrantes do grupo.
Na noite de 12 de junho de 2020, policiais de Atlanta mataram Rayshard Brooks, um homem negro de 27 anos, no sul de Atlanta, Geórgia. Isso ocorreu imediatamente após a onda de protestos que queimou delegacias em todo o país em resposta aos assassinatos de George Floyd, Breonna Taylor e outras vítimas da polícia racista. Após o assassinato de Rayshard Brooks, uma nova onda de protestos e revoltas eclodiu em Atlanta, na qual prédios da fraquia onde Brooks foi morto foram incendiados. Manifestantes ocuparam o bairro em um sinal de luto por Rayshard Brooks e buscando criar espaços para a autodefesa armada da comunidade negra.
Cinco anos em construção, este documentário de uma hora documenta a revolta que varreu o Chile de outubro de 2019 a março de 2020, mostrando como as pessoas comuns realizaram seis meses de rebelião, criando extensas redes de autodeterminação e ajuda mútua.
A comunidade e instituições andinas, apoiadores e Cholitas da Babilônia realizaram uma intervenção com tinta e enfrentamentos durante a exposição "Oficina do Suor" do fotógrafo Sérgio Carvalho promovida pelo Sindicato Nacional de Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT) em dezembro de 2024. O filme, realizado pelo Coletivo Cholitas da Babilônia, aborda a experiência da migração forçada e a vida entre diferentes territórios, marcada pela memória e pela dor da colonização, que ecoam no presente.
Vídeo-ensaio sobre os atos de desmonumentalização popular ocorridos durante a revolta de outubro de 2019 na região chilena.
A partir de um dado concreto, ocorrido durante as manifestações de junho de 2013 em Belo Horizonte, o curta especula com a ficção e esboça caminhos sensoriais para ir além do trauma.
Corpas pela cidade bailam a força do funk, do que ilumina e incendeia este fluxo quente que atravessa oceanos e se atualiza na dança. Um funk para além dos estereótipos, funk como uma maneira de existir. Neste território Brasil- África as pulsões ancestrais territorializam um campo antropofágico de mil possibilidades. A vida é sonho.
Após praticarem atos de vandalismo, Bel e Juliano, adolescentes da periferia de Belo Horizonte, cumprem medidas socioeducativas onde se conhecem passando a compartilhar afetos e incerteza diante da dureza dos dias, da repressão e do esquecimento do sistema.
Em junho de 2024 a organização da parada do orgulho LGBT de São Paulo fez um chamado para que as pessoas comparecessem ao evento vestindo verde e amarelo e empunhando bandeiras do Brasil junto com bandeiras do arco-íris, numa retomada dos símbolos nacionais, que consideram “sequestrados” pela direita. Como se o Brasil não fosse, desde sua criação pelos invasores europeus, um projeto colonial imposto violentamente sobre as populações que habitam estas terras. A bandeira brasileira sempre representou os poderosos e os proprietários, a violência colonial, cristã, institucional, militar e policial.
O documentário conta a história da Coletiva Birosca, formada somente por mulheres, que pensava a tecnologia a partir de uma perspectiva de gênero, dentro de um contexto de internet livre e acessível. A Coletiva foi criada no início dos anos 2000.
No cerrado mato-grossense, Macunaíma Pop do Cerrado expressa um retorno aos espaços-corpos-tempos pós-pandêmicos, revelando as relações caóticas entre humanidades, naturezas e virtualidades. O trabalho concretiza uma proposta radical de descolonização da estética hegemônica e das subjetividades racistas e sexistas, trazendo de volta toda irreverência do anti-herói mais controverso da literatura nacional. Nesta versão, Macunaíma é rasgado pelas r-existências seculares de indígenas, negros, ribeirinhos e populações rurais, como também de corpos em transição e fluidez de gênero que se manifestam no cerrado.
Uma mulher atravessa seus sonhos e memórias para ir ao encontro de sua própria história.
O Caos e a fumaça, um bálsamo pras feridas abertas pelo tempo. Neutraliza a constante sensação de não pertencimento causada pela travessia; ferramentas na construção estética das crises atuais, pois a eles nada pertence, neles nada permanece, e tudo deve ser refeito.Pietá é um trabalho sobre a desordem, sobre a ausência, sobre a negação da alma ao corpo e da própria "piedade". É a evidência da repetição histórica das políticas de morte que se restabelecem em nosso país desde a invasão. É a necessidade urgente de se ver em sua própria referência.Nossa nação é o calvário de uma juventude, o túmulo de Cristos e Marília incontáveis. A essa altura nos resta construir o futuro, planejar a ressurreição e a retirada da chave da morte das mãos do inimigo.
Je suis le capitalisme… mon amour!
Por meio do registro de greves, assembleias e protestos na Petrobras, em Cubatão e Santos, o filme mergulha no universo operário petroleiro, testemunhando por dentro como os trabalhadores da maior empresa do país reagiram ao colapso econômico e político que atingiu a estatal e o país. O curta-metragem que resgata imagens que Leandro Olímpio registrou ao longo de uma década (2010-2020) como jornalista.
Um pesadelo, um trabalho, um sonho, uma vida.
Célia recebe uma proposta para um trabalho fichado em uma loja após trabalhar durante muitos anos como lavadora de carros. Em seu último dia na rua, ela precisa passar seu ponto de trabalho para sua prima, ao mesmo tempo que precisa lidar com sua insegurança em relação ao novo desafio profissional.
Saúde mental é um tema que afeta praticamente a todas as pessoas e, ainda assim, raramente é debatido. O capacitismo, enraizado em um suposto bem-estar mental, prevalece até mesmo entre comunidades que lutam contra outras normas sociais opressivas, como o heteropatriarcado e o racismo institucionalizado. Em vez de permitir que as intervenções permaneçam no território de psiquiatras e policiais, muitos povos e movimentos estão resgatando tradições, experimentando coletivos de autoterapia e construindo relacionamentos enraizados no cuidado e na confiança que formam as bases resilientes tão necessárias para comunidades engajadas em lutas sociais.
Filme de não-ficção produzido nas cidades de Santiago e Iquique, Chile. Ele retrata diferentes experiências de vida atravessadas por problemas de saúde mental a partir dos olhos de seus protagonistas. As memórias de Elisa Monti transcritas em sua poesia viajam pelas ruas e seus contrastes. De um ônibus, o rádio menciona o desaparecimento de José Vergara por policiais durante uma crise mental. Seu pai, Juan Vergara, revisa fotografias de seu filho e contempla as colinas do deserto de Atacama exigindo justiça. Através de depoimentos, dados e memórias que se transformam em texturas visuais e sonoras, emergem as vozes que constroem esse olhar subjetivo e coletivo, indo para o panorama difuso do debate sobre saúde mental no Chile.
Entre o caos e as perdas vivenciadas desde o início da pandemia do Coronavírus, em 2020, existem as questões de ordem prática, como a moradia, as necessidades básicas, e a fome. Fome esta que se alastra em um governo genocida como o de Bolsonaro. Nesse contexto, ou um dos olhares possíveis para ele, que Corre de Marmita procura convocar. A partir das ações da Kasa Invisível, ocupação existente desde 2013 e que procura realizar atos sociais e políticos por Belo Horizonte, é que o público compreende este olhar dos diretores Luiz Pretti e Philippe Urvoy. Há um aparente desejo em mostrar esta BH que pulsa arte e cidadania, mas também abandono e descaso.
Como as experiências do início dos anos 2020 afetam as memórias que estamos produzindo para o futuro? Buscando por uma diversidade, a partir dos convites realizados e que foram aceitos, houve a reunião de nove vozes, entre elas as de homens negro e LGBTQIAP+, e as de mulheres indígena e estrangeira latino-americana.
A favela, corpos onde habitam múltiplas espacialidades, evidencia as contradições das medidas sanitárias para conter o avanço da pandemia no Brasil. A necessidade de ir ao trabalho ou a impossibilidade do isolamento pelas condições de moradia colocam em risco a população periférica no enfrentamento à pandemia. A situação das favelas, entretanto, não é restrita ao Brasil. No processo de globalização da economia, encontramos favelas em diversas geografias que vivem na crise do Trabalho do século XXI a formação de novos sujeitos revolucionários.
Uma criança nasce com folhas em seu corpo e sua mãe busca a cura. Na escola, porém, as outras crianças a discriminam e ela foge para mata! Na Caatinga, encontra seres encantados de tradições indígenas e negras e caminha numa aventura de autoconhecimento. Sua busca a leva até Òsányìn, o Orisà das folhas, que apresenta o poder das plantas e a importância da preservação ambiental.
Penca é um adorável e carismático mico-estrela que vive uma vida tranquila e social no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no centro de Belo Horizonte. Seu estilo de vida, porém, acaba criando conflitos com o resto da fauna do local.
Oinc é um porquinho que sempre brincava sozinho. Um dia, ele encontra Pi, um passarinho recém-nascido, que estava perdido e que o segue até em casa. Os dois se tornam amigos e brincam até que Pi fica com fome. Oinc irá tentar ajudar o amigo a voltar para casa. É quando começa uma grande aventura que irá testar a coragem e o companheirismo dessa dupla.
Gal, Dina e sua turma se empenham em proteger os animais em situação de vulnerabilidade e preservar o meio ambiente, transmitindo uma mensagem de empatia e respeito pela natureza. Nessa jornada, os vilões terão de se cuidar, pois essa turma está pronta para defender todos os que não têm voz.
Documentário que recupera a história da emergência de um movimento plural enraizado em Belo Horizonte ao final dos anos 1980, em torno da defesa da região da Lagoa do Nado. Um rico material de arquivo oral e visual dá a ver a força dessa organização política orgânica em prol da preservação ambiental e da memória de um lugar, entendido enquanto um bem comum. Uma luta permeada pelo sentido de celebração, em que música, capoeira, skate, dança e as artes engajaram distintos grupos sociais, alimentando a vontade de partilha ao forjar uma ideia de comunidade.
Curta documental que retrata a realidade precária e violenta da exploração do petróleo na Amazônia brasileira.
Um filme para Gaza, em homenagem aos mais de 50.000 palestinos martirizados desde outubro de 2023 no genocídio ainda em curso perpetrado por "israel". Através de pinturas, animações, poesias, ragas e paisagens sonoras, o filme busca humanizar e reviver os mortos, ao menos por um instante.
GENESIS P’ORRIDGE viveu a sua arte até ao extremo. Músico pioneiro, artista de vanguarda, explorador espiritual e revolucionário do gênero, Genesis apareceu em filmes e vídeos, mas nunca a sua história completa e de forma tão íntima com o agora. Neste documentário autorizado, cru e pessoal, o premiado realizador David Charles Rodrigues (“GAY CHORUS DEEP SOUTH“) documenta o último ano da existência de P-Orridge, enquanto lida com a mortalidade e, no processo, revela os muitos sacrifícios e recompensas finais de uma vida que transcende barreiras.
Filme que documenta a jornada do líder camponês baiano Joelson Ferreira por diversas comunidades negras e indígenas da Bahia ao longo de 2023, ano que marcou o bicentenário das lutas no estado que consolidaram a independência do Brasil.
Plantas são responsáveis pela ascensão e a bancarrota de países inteiros. A cultura de plantas de agaves está emaranhada com a cultura humana de Oaxaca, sul do México. “Temporadas de Chuva” documenta quatro anos de um viveiro de mudas de plantas selvagens para estimular a biodiversidade entre produtores de “mezcal”, bebida alcoólica tradicional de agave que vem sofrendo com a exportação. Porém, ao adentrar as sutilezas das comunidades que defendem a planta, relações com o tempo e saberes tradicionais apontam para sonhos mais além da matéria.
O filme propõe uma imersão no universo cultural material e imaterial através de narrativas e olhares de pessoas que vivem a cidade ou passam por ela.Além disso, convida a reflexões sobre as problemáticas ambientais, temas importantes ligados a desigualdade social e o processo de estigmatização das identidades periféricas.O documentário também é sobre afeto, cinema negro, narrativas decoloniais e perspectivas faveladas. Essa diversidade temática só foi possível após expedições a lugares pouco conhecidos desse grande Ribeirão.
50 anos depois da greve operária de 1968, o primeiro movimento grevista realizado depois do golpe militar de 1964. O documentário traz depoimentos dos principais personagens da greve, assim como especialistas do tema, fotografias e matérias de jornais da época.